Polícia - Segurança Pública
Domingo, 26 de Junho de 2016
Médica de 35 anos é assassinada no Rio. Motivo: estava viva
Da Redação
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Moradora da Barra da Tijuca, Gisele era casada com o cirurgião plástico Renato Palhares que planejara crescer profissionalmente ao lado da mulher - a quem conheceu na universidade. Não pode. Os criminosos não deixaram.
No dia em que foi morta ela voltava da inauguração de um centro para deficientes físicos em Nova Iguaçu, projeto ao qual se empenhou para ser construído:
- É hoje! Vamos inaugurar às 14h, o Centro de Acolhimento ao Deficiente (CAD), na Unidade Caiesp. Tratamento especializado e médicos capacitados para reabilitação da pessoa com deficiência. Venha ver de perto mais essa conquista para nossa cidade - escreveu ela em sua rede social, Facebook.
Em outro trecho, ela diz algo que sugere o alto grau da maldade humana em tempos atuais:
-Observe que pessoas felizes não perdem tempo fazendo mal aos outros. Maldade é coisa de gente infeliz, frustrada, medíocre e invejosa!
Na rede social, amigos e parentes da médica compartilharam suas fotos com textos de protesto. "Essa jovem mulher profissional cheia de sonhos e projetos se foi hoje vitima de assalto no Rio de Janeiro! O Rio não é um bom lugar p se viver; p se passear; p trabalhar! O Rio é dos bandidos!!! A violência tomou conta da cidade e cada dia tenho menos vontade de estar na capital...", disse uma delas.
Renato e Gisele: cumplicidade na profissão e na vida |
Banalização da morte
Da Redação
Não há dúvidas de que a morte está banalizada no Rio. Não se pode atribuir a falta de polícia apenas - ela, sabemos, está com déficit significativo de pessoal, mas também de estímulos.
O que aconteceu à médica Gisele e também a idosa de Marechal Hermes, na porta da sua casa, é algo que vai além da presença física da polícia. Mas revela outro padrão de violência - o do descaso em setores importantes como Educação Integral para meninos em idade escolar. Projeto desenvolvidos no Rio há 30 anos, e que tinham este perfil, foram abandonados por razões meramente políticas.
A herança que temos hoje é a terceira geração de abandono desde então. Não há educação, cultura, horizonte na mente dos jovens. E, por sua vez, ele tem na oposição uma polícia despreparada e desvalorizada. Não há como vislumbrar qualquer resultado que não seja o atual.
O título, onde afirmamos que a médica morreu por estar viva, tem o objetivo de mostrar o quanto a vida vale coisa alguma sob os olhares desta juventude. A sociedade precisa definitivamente aprender a votar. Promessa de policiamento é promessa de vingança, exclusivamente. O Rio e o Brasil exigem um novo olhar. E é nesta direção que precisamos seguir.
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