O que esperar do governo Temer?


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Todo poder ao Congresso

Apenas um leigo na política acredita que haverá um governo “Temer”. Talvez o mesmo desavisado que acreditou em um governo “Itamar”.
MIchel Temer não irá assumir a cadeira da Presidência
MIchel Temer não irá assumir a cadeira da Presidência
O impeachment só ocorre quando há, entre Legislativo e Executivo, um acordo de governo de coalizão. Para que o legislativo derrube um presidente da República, seja ele quem for, é exigido do futuro presidente a unificação do país.
Na prática, unificar o país significa recolher todas as cartas que foram usadas e redistribuir o baralho, beneficiando os dois terços ou quatro quintos que promoveram a mudança.
Itamar foi muito feliz na sua oportunidade. Estabilizou a moeda, começou o real, reduziu a hiperinflação.

O que esperar do governo Temer?

O que virá com Temer é impossível dizer. Ele tem a vantagem de não pegar um país na situação que Itamar pegou. Estamos em crise política, não em crise econômica. Imagino que muita gente discordará dessa afirmação, mas é a realidade. Repare que não há crise econômica em nenhum dos nossos parceiros comerciais. O Brasil é um dos poucos países da América do Sul que está em recessão.
A crise econômica é resultado da falta de governabilidade. Os investidores não têm confiança que o atual governo consiga promover reformas necessárias e estas reformas dependem basicamente do Congresso, logo, a crise econômica é derivada da crise política.
Não duvido que o dólar caia a R$ 3,20 na primeira semana, ou que chegue a R$ 3 em um mês. Basta o mercado acreditar que Temer quer ordem na casa.
A verdade é que Dilma muito prometeu, mas esqueceu de combinar com os russos. Para quem não conhece a expressão, reza a lenda que na copa de 58 o técnico fez uma preleção em que o Brasil venceria facilmente o time da Rússia, eis que Garrincha solta a pérola: “então treinador, tudo bem, mas você combinou com os russos?”.
Dilma seguiu fazendo e desfazendo, sem dar a importância devida para um fator essencial no presidencialismo: a política.
Ser presidente do Brasil não é a mesma coisa que ser dono de uma empresa. É mais de R$ 1 trilhão de orçamento, que deve ser executado com habilidade econômica e política.
Fernando Henrique e Lula foram políticos. Tenho críticas severas aos dois como governantes, mas desse aspecto nenhum dos dois descuidou. Ambos tinham na Câmara e no Senado, pontos importantes de apoio.
Dilma fez pouco caso de tudo. Colocou-se acima de qualquer um. Queimou ex-aliados, explodiu pontes e mandou recados mal educados a pares.
Não é Temer que está assumindo a cadeira. É o Congresso. O mesmo que fora ignorado pelo presidente da República. O mesmo que sabe que sem ele não há governo. O mesmo que hoje diz “tchau, querida”.

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