A inacreditável entrevista de Dilma

A presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Nitidamente, ela não está bem, e isso não é algo restrito à política, à economia do país ou mesmo uma especulação de saúde física. Ela simplesmente não consegue concluir um raciocínio. Tá feia a coisa.



Conduzida por Maria Cristina Frias, Valdo Cruz e Natuza Nery, a entrevista de Dilma ao jornal Folha de São Paulo é um desastre. Por óbvio, os jornalistas não são culpados. Fizeram o que foi possível. O problema é que a Presidente da República não consegue concatenar seus pensamentos – ou ataca procedimento cuja regulamentação ela própria sancionou e até se vangloriou disso em debate.
A seguir, alguns trechos devidamente comentados:
Delatores dizem que doações eleitorais tiveram como origem propina na Petrobras.
Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não? Não sei o que perguntam. Eu conheço interrogatórios. Sei do que se trata. Eu acreditava no que estava fazendo e vi muita gente falar coisa que não queria nem devia. Não gosto de delatores.
Mesmo que seja para elucidar um caso de corrupção?
Não gosto desse tipo de prática. Não gosto. Acho que a pessoa, quando faz, faz fragilizadíssima. Eu vi gente muito fragilizada [falar]. Eu não sei qual é a reação de uma pessoa que fica presa, longe dos seus, e o que ela fala. E como ela fala. Todos nós temos limites. Nenhum de nós é super-homem ou supermulher. Mas acho ruim a instituição, entendeu? Transformar alguém em delator é fogo.
Dilma já disse que “não respeita” delator, mas nunca menciona o fato de que FOI ELA QUEM SANCIONOU A LEI QUE REGULAMENTA AS DELAÇÕES PREMIADAS. Isso mesmo. E é um recurso até mesmo nojento comparar a delação mediante tortura àquela realizada por um comparsa de quadrilha em crime de roubo de dinheiro público.
Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.
O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.
Isso é moleza? Ou é luta política? Luta política é moleza? Moleza é luta política? Quem entendeu alguma coisa, por favor, saúde a mandioca. E o milho.
O Joaquim Levy (Fazenda) propõe acelerar o ajuste?
Nós também, acelerar num outro sentido. Acelerar é tudo que tiver de fazer de ajuste façamos já. Porque, quanto mais rápido fizermos, mais rápido sairemos dele. O que mais pode ser feito? Não vou falar sobre isto.
E o governo vai ter de cobrir este buraco?
Vamos ter. Mas aí estamos agora mais preocupados em tomar medidas estruturantes, que contribuem ao mesmo tempo para o ajuste como para para o médio e longo prazos.
Tipo?
Tipo tipo.
Esta eu não conheço.
Vou te dizer como fazíamos em interrogatório. Você faz um quadrado (desenha), ai de ti se sair deste quadrado, você está lascado. Então, se eu não quiser falar de que tipo [de medida] eu não falo, tenho técnica para isto. Treino.
Percebe-se quão frágil é um governo quando, numa entrevista para esclarecer fatos, a presidente simplesmente prefere NÃO ESCLARECER NADA do ajuste do futuro, usando até mesmo expediente infantil nas respostas.
Vamos mal. Vamos pior do que se imaginava. Dilma, por favor, saia. O que já estava inaceitável passou de todos os limites do ridículo. É chegada a hora de dizer “tchau”.

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