Substância inibe a dependência química em apenas cinco dias, diz pesquisa

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Gabrielle Bertoni/Redação RedeTV!


(Foto: Reprodução/anthropogen.com)
Derivada da raiz de uma planta africana chamada "Iboga", a ibogaína está sendo amplamente utilizada no tratamento de dependência química e, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a eficácia do uso da substância foi positiva em 72% dos pacientes que participaram do estudo.
Descoberta no ano de 1962, a ibogaína provoca a produção do hormônio GDNF, que estimula a criação de conexões neuronais, ajudando os dependentes químicos a perderem a vontade de usar drogas. "O princípio ativo, que é metabolizado no fígado, recupera a capacidade do cérebro de produzir elementos químicos que ele havia deixado de produzir, por conta do uso das drogas", afirmou o naturopata Dr. Rogério Souza.
Com alguns efeitos colaterais, a substância, apesar de causa estranheza à princípio, "não vicia, não faz mal e só possui contraindicações para pacientes cardíacos, grávidas ou esquizofrênicos", disse o Doutor. O reequilíbro do cérebro promove um bem-estar físico e mental, levando o paciente a ficar mais consciente de si mesmo, facilitando também o processo do terapeuta.
O IBTA (Instituto Brasileiro de Terapias) realizou uma pesquisa com seus dois mil pacientes, no período de um ano. Desses, mais de 80% se livraram da dependência química e se dizem completamente curados do vício. "Eu estava em estado crítico, roubando e me prostituindo por conta das drogas já há mais de dez anos, quando um amigo meu me indicou o tratamento com a ibogaína. Fui para a clínica em março de 2014, fiquei lá por cinco dias e, desde então, nunca mais tive necessidade de usar entorpecentes", disse Tamires de Oliveira, de 29 anos e ex dependente química.
O tratamento consiste em cinco doses da substância, atreladas ao atendimento com um terapeuta para trabalhar o lado psicológico da pessoa. "Foi muito estranho e surpreendente. No primeiro dia do tratamento, é uma dose de teste, para ver como o nosso organismo reage à substância. No segundo dia a dose é bem mais forte e monitorada por médicos. Já no terceiro, eu acordei me sentindo muito bem, sem nenhuma vontade de voltar àquela vida", afirmou Tamires.
Apesar de ser um tratamento aparentemente bastante eficaz, ainda é pouco conhecido devido às relações entre o governo e a economia do país. De acordo com um relatório publicado em junho pelo Escritório de Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas (UNODC), o Brasil é o maior centro de distribuição de cocaína do mundo, o que ajuda a aquecer a economia do país. "Os interesse políticos e econômicos não permitem que os resultados da ibogaína caiam 'na boca do povo'. Os dependentes químicos trazem muito dinheiro para o país, incentivando cada vez mais o tráfico de drogas. É aquela história toda de que é mais interessante 'remediar o problema, do que saná-lo de uma vez por todas", concluiu o especialista.

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