Pesseghini: família contesta versão da polícia

 Atualizado em quinta-feira, 27 de março de 2014 - 19h58

Pesseghini

Avós paternos dizem que o menino Marcelo não sabia atirar nem dirigir; advogada de familiares contesta versões de testemunhas do caso
Família Pesseghini morreu no ano passado em chacina / Reprodução/FacebookFamília Pesseghini morreu no ano passado em chacinaReprodução/Facebook
Parentes do casal de PMs assassinado em um massacre que chocou o Brasil no ano passado falam pela primeira vez sobre o caso. Para a polícia, a tragédia da família Pesseghini foi causada pelo filho de 13 anos, que também morreu. Mas o inquérito não está concluído e novos indícios põem em dúvida a versão oficial.

Uma gravação revelada hoje mostra a troca de mensagens carinhosas entre mãe – a cabo da PM Andreia Bovo – e filho – Marcelo Pesseghini – mortos na chacina da Brasilândia, na zona norte de São Paulo – em agosto de 2013. O áudio estava guardado em um dos celulares do adolescente – apontado como único suspeito da matança.

Sete meses depois que cinco pessoas da mesma família foram encontradas mortas dentro de casa, os investigadores ainda não conseguiram concluir o inquérito.

A equipe do Jornal da Band foi até Marília, a 440 quilômetros da capital, onde mora parte da família das vítimas. Pela primeira vez, os avós paternos do garoto Marcelo Pesseghini, que foram ignorados pela polícia, aceitaram falar com uma equipe de reportagem.

Maria José e Luiz Carlos são pais do sargento da Rota, Luís Marcelo Pesseghini, e não querem mostrar o rosto. Mesmo com medo, encontraram forças para revirar um caso cheio de dúvidas.

Para a polícia, o neto deles, de 13 anos, atirou no pai, na avó e na tia avó maternas e por último na mãe. Ele também teria usado o carro da família e dirigido até a escola, onde assistiu às aulas normalmente. Mas os avós dizem que ele nunca soube dirigir.

Colegas de escola prestaram depoimento dizendo que o menino queria ser matador de aluguel e que revelou que pretendia assassinar os pais. As fotos da perícia colocam o adolescente na cena do crime, a arma usada na chacina estava na mão dele e não há vestígios técnicos de uma outra pessoa no local.

Os avós também defendem o neto que, segundo eles, nunca soube atirar e que nunca teve contato com arma de pai e mãe.

A advogada contratada pela família exige novas análises. No inquérito completo – obtido com exclusividade pela Band – há lacunas que precisam ser preenchidas.

Ingressos de cinema provam que a família passou a tarde em um shopping center – o que contradiz o depoimento de uma testemunha chave do crime: um colega de trabalho de Andreia  que afirmou em depoimento que houve um churrasco na casa da família no início da tarde de domingo – no qual ele estaria presente.

Outro detalhe causou estranheza à advogada: há uma ligação da cabo da PM feita do celular  para o telefone fixo da mãe – registrada as 21h. Isso indicaria que Andreia Bovo não estava dormindo na residência horas antes do crime.

O mistério não acaba aí. Andreia contou para os parentes que na semana da chacina havia perdido o molho de chaves da casa – local do massacre – e essas chaves continuam desaparecidas.

A polícia diz que a investigação está em andamento porque aguarda laudos dos Instituto de Criminalística e a quebra de sigilo telefônico.

Já os parentes das vítimas querem falar. Eles não conseguem entender porque, até hoje, não foram ouvidos formalmente. 

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