Jornal da Tarde Tradicional jornal paulistano

Jornal da Tarde Tradicional jornal paulistano por Tufano Silva Nenhum outro jornal conseguiu traduzir tão bem a tristeza que o povo brasileiro sentiu em 4 de julho de 1982 quanto o Jornal da Tarde. Na manhã seguinte a um dos dias mais tristes da história do esporte nacional, o JT destacou em sua capa apenas uma fotografia de Reginaldo Manente, que retratava o choro e o olhar incrédulo do garoto José Carlos Vilella Jr, de 10 anos, após a dolorosa derrota da favoritíssima Seleção Brasileira para a Itália de Paolo Rossi, por 3 a 2, no Estádio do Sarriá. A capa – vencedora do Prêmio Esso e que você confere na imagem à esquerda – emocionou e chamou a atenção pela sensibilidade do fotógrafo e de quem escolheu a imagem. Causou um misto de sentimentos em seus leitores, ainda tão entristecidos com a queda da seleção de Telê Santana na Copa de 1982. E este sempre foi o intuito do Jornal da Tarde, desde a sua fundação, em 1966: fugir dos padrões dos tradicionais e sérios jornais paulistanos, adotando uma linguagem que o deixasse sempre mais próximo do povo. No entanto, as inovações editoriais do JT não foram suficientes para que a publicação sobrevivesse aos avanços tecnológicos, grande ameaça a jornais e revistas no início do século XXI, e, visando reduzir custos, o Grupo Estado decidiu encerrar as atividades do veículo no dia 31 de outubro de 2012. Sob a batuta dos jovens jornalistas Mino Carta e Murilo Felisberto, o Jornal da Tarde circulou pela primeira vez em São Paulo em 4 de janeiro de 1966. Nos primórdios, como o próprio nome sugeria, era uma publicação vespertina, passando a ser matutina no ano de 1988. Logo em sua primeira capa, o JT já mostrou que seria um jornal diferente: ao invés de política e economia, o destaque era o casamento de Pelé, que aconteceria no carnaval daquele ano. Segundo Ruy Mesquita, um dos donos do Grupo Estado, a intenção era “fazer alguma coisa que seria um misto entre um jornal diário e uma revista semanal”. Nos primeiros anos de sua existência, o Jornal da Tarde apresentou aos leitores paulistanos as seguintes inovações: uma nova linguagem gráfica - quando os próprios editores cuidavam do desenho das páginas -, um estilo vibrante e textos mais populares. “Edição de Esportes”, “Jornal do Carro”, “Divirta-se” e “Seu Bolso” foram os cadernos que mais fizeram sucesso no veículo. Alguns grandes nomes do jornalismo passaram pelo Jornal da Tarde, como Alberto Helena Júnior, Conceição Cahú, Fausto Silva, Fernando Morais, José Maria de Aquino, José Roberto Torero, Laurentino Gomes, Luis Nassif, Mário Marinho, Mino Carta, Murilo Felisberto, Odir Cunha, Roberto Avallone, Sérgio Baklanos e William Waack.

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